CLASSIFICAÇÃO DO AVAI NOS CAMPEONATOS ESTADUAIS DURANTE A ERA ZUNINO:
2002 QUARTO LUGAR
2003 QUINTO LUGAR
2004 DÉCIMO LUGAR
2005 TERCEIRO LUGAR
2006 OITAVO LUGAR
2007 QUARTO LUGAR
2008 SEXTO LUGAR
2009 CAMPEÃO
2010 CAMPEÃO
2011 TERCEIRO LUGAR
2012 CAMPEÃO
2013 QUARTO LUGAR
CLASSIFICAÇÃO MÉDIA:
QUARTO LUGAR
E AGORA, VEJA ABAIXO, DIRETAMENTE DA CONSELHARIA AZURRA, A DIVIDA ACUMULADA DURANTE ESTES ANOS, PARA ESTAS PARTICIPAÇÕES PÍFIAS NOS ESTADUAIS.
TIRANDO A ERA L.A., NOSSAS PARTICIPAÇÕES NÃO SÃO NEM UM POUCO DIGNAS PARA UM CLUBE QUE SE DIZ GRANDE DENTRO DO TERRITÓRIO CATARINENSE. ESTÃO MAIS PARA UM ATLETICO DE IBIRAMA, BRUSQUE OU MARCILIO DIAS.
É MUITA INCOMPETENCIA PARA UMA DIRETORIA SÓ. OS NUMEROS FALAM POR SI:
TIRANDO A ERA L.A., NOSSAS PARTICIPAÇÕES NÃO SÃO NEM UM POUCO DIGNAS PARA UM CLUBE QUE SE DIZ GRANDE DENTRO DO TERRITÓRIO CATARINENSE. ESTÃO MAIS PARA UM ATLETICO DE IBIRAMA, BRUSQUE OU MARCILIO DIAS.
É MUITA INCOMPETENCIA PARA UMA DIRETORIA SÓ. OS NUMEROS FALAM POR SI:
Ao final de 2002 o Avaí era um clube com um ativo (bens e direitos) de 4,9 milhões de reais e um passivo (obrigações) de 8 milhões. Neste ano o clube teve uma receita de 4,1 milhões e despesas de 5,9 milhões, chegando a um prejuízo de 1,8 milhões. Aqui cabe uma reflexão importante. Nos seus primeiros 78 anos de existência (1923 a 2001) o Avaí acumulou um déficit total de 3,9 milhões de reais. Só em 2002, o Avaí fez um déficit adicional de 1,8 milhão de reais, ou seja, o prejuízo deste primeiro ano do mandato que se iniciava foi praticamente a metade do que se acumulou de dívidas nos 78 anos anteriores.
Neste embalo, em 2006 o Avaí já acumulava um déficit histórico de 19,2 milhões, o que praticamente se manteve nos anos seguintes (2007 a 2009), que foram os melhores da nossa história do ponto de vista financeiro. Em 2009, o déficit acumulado era de 20,2, em 2011 era de 22,2, mas em 2012 já era de 30,6, e hoje deve estar em torno de 35 milhões (o balanço de 2013 ainda não foi publicado). Ou seja, em 12 anos o déficit (prejuízo) acumulado do Avaí foi multiplicado por 9, passando de 3,9 para 35 milhões. Se fizermos uma comparação dos resultados dos últimos 12 anos com os primeiros 78 anos do clube, se o Avaí tivesse mantido o ritmo de prejuízo do período entre 1923 e 2001, precisaria de 622 anos para acumular o mesmo prejuízo que alcançou nestes últimos 12 anos. Ou seja, ao menos no que diz respeito aos resultados financeiros negativos, nos últimos anos o Avaí virou um clube grande.
Em termos de recitas, em 2002 o Avaí faturou pouco mais de 4 milhões, o que se repete até 2006, quando somou 4,3 milhões. Em 2009 esta receita já pula para 21 milhões, e no seu auge, em 2011, atinge 34,6 milhões. Em 5 anos a receita, com o embalo da Série A, foi multiplicada 8 vezes. Ou seja, também em relação às receitas o Avaí se tornou um grande clube.
Time de 2009: época áurea dentro de campo não foi suficiente para equilibrar as contas do clube
Se a receita cresceu, cresceram também os prejuízos e as dívidas. No período de 2002 até 2006 foram constantes prejuízos acumulados. O problema foi controlado de 2007 a 2009, mas voltou a ocorrer no período posterior, de 2010 a 2013, agora em escala bem mais elevada. Só em 2012 o prejuízo nas contas do clube foi de 8,4 milhões, e em 2013 provavelmente tivemos mais prejuízos importantes sendo contabilizados.
Para se ter uma ideia da situação financeira nestes últimos anos, em 2012 o Passivo Circulante (dívidas que precisam ser pagas no curto prazo) passou de 13,9 para 19,1 milhões, o que complicou muito a situação do clube, já que tem a pagar imediatamente (sob risco de cobranças judiciais) o equivalente a um ano inteiro de receitas. A situação financeira do Avaí, pelo perfil das dívidas que tem, deixou de ser administrável nos anos de 2012 e 2013. O resultado disto se vê no dia-a-dia do clube.
Por fim, sobre a questão do patrimônio, é importante considerar que houve uma reavaliação dos bens do clube no ano de 2012 (em termos contábeis, já que na prática não muda o valor dos bens), elevando seu Patrimônio Social de 0,5 para 24,4 milhões. Somente o imobilizado (terreno e estádio) passou (apenas em termos contábeis) de 35,3 para 64,1 milhões, por conta da reavaliação. Ou seja, esta reavaliação melhorou muito os indicadores do clube, o que talvez tenha criado a falsa sensação de crescimento patrimonial e tenha feito a gestão do clube relaxar diante das dívidas. Na prática, não melhorou em nada a situação financeira.
Fazendo uma comparação do crescimento patrimonial com a valorização de imóveis nos arredores da Ressacada, neste mesmo período (2002 a 2012), um lote de 360m2 passou de 25 para 180 mil reais (valorização de 620%). Neste período, o imóvel do clube, que em 2002 era de 4,9 milhões, se aplicada a correção de 620%, estaria valendo 35,3 milhões. Por coincidência, o exato valor do imóvel declarado no balanço de 31/12/2011, ou seja, sem a reavaliação realizada em 2012, que elevou o seu valor para 64,1 milhões. Seria necessário aprofundar melhor esta questão, para verificar as bases da reavaliação de 2012.
Diante do exposto, é possível concluir que o período de 2002 a 2013 pode ser dividido em três fases. De 2002 a 2006, a gestão financeira foi um desastre, pois o Avaí efetivamente se endividou e acumulou grandes prejuízos. Se o tal avião russo tivesse pousado no Carianos, deveria trazer vodca, pois só bebendo para esquecer o que se fez nos anos anteriores. De 2007 a 2009, o Avaí teve o melhor período da sua história em termos financeiros e patrimoniais, e tinha tudo para construir uma gestão sustentada. Cabe aqui mencionar que no ano de 2008, quando eu já era conselheiro do clube, elaborei e apresentei a 2 dos principais diretores do clube, um projeto chamado “Gestão Série A”. Este projeto apresentava as bases para uma gestão que impedisse o clube de se endividar e comprometer seu futuro. O projeto foi engavetado.
Continuando a análise, o período de 2010 a 2013 foi caracterizado por um descontrole na relação entre o que se fatura e o que se gasta. Foi nesta fase que a situação financeira passou a ser insustentável.
Em 2012 a liquidez geral do clube (capacidade de pagar as obrigações utilizando seus direitos) ficou em 0,12, enquanto o recomendado para a saúde financeira de qualquer empresa é acima de 1,00. A liquidez corrente (capacidade de pagar as obrigações imediatas) ficou em 0,28, muito abaixo do indicador de 1,00, recomendado pelos especialistas. Já o indicador de solvência (capacidade do clube de encerrar suas atividades sem deixar credores), alcançou o índice de 0,7 em 2011, enquanto o ideal seria acima de 1,5. Mesmo com a reavaliação de patrimônio já comentada acima, em 2012 a solvência era de 1,1, consideravelmente abaixo do ideal.
Patrimônio do clube, se for todo vendido, ainda é suficiente para quitar todas as dívidas (Foto: Site do Avaí F.C.)
Com o provável déficit gerado em 2013, dá para dizer que se a Ressacada e todos os bens do clube forem vendidos, na ponta do lápis será suficiente para pagar todas as dívidas. Quer dizer, saímos pobres, mas limpinhos.
Em resumo, no período de 2002 a 2012 o Avaí produziu um endividamento histórico, que veio junto com seu crescimento. Neste mesmo período fomos tricampeões catarinenses, voltamos à Série A do Brasileiro, e fizemos excelentes campanhas na Copa do Brasil e na Sul-americana, mas infelizmente isto ocorreu de forma não sustentada, comprometendo o futuro do clube. Não tivessem sido cometidos os equívocos dos últimos quatro anos, reinaríamos absolutos no futebol de Santa Catarina.
Para finalizar, cabe o alerta. Com o atual porte do clube, não se pode mais errar do modo que se errou, e o Conselho Deliberativo não pode mais ser omisso como foi nos últimos anos. O Conselho precisa exercer sua verdadeira função, de fiscalizar o trabalho da Diretoria Executiva, ao invés de apenas servir de coro para cantar “Vamo, vamo, Avaê” quando as coisas vão muito bem ou muito mal.
