27/08/2013

RECORDAR É VIVER - BY MOA DA RAÇA AZUL

PRA GALERA QUE GOSTA DE RECORDAR OS BONS TEMPOS, VAI AÍ UM TEXTO DO "MOA", O ETERNO PRESIDENTE DA RAÇA AZUL, ESCRITO EM 2009, QUE FALA DA NOSSA PAIXÃO PELO AVAI, DOS NOSSOS AMIGOS E DA NOSSA QUERIDA ILHA DE UM TEMPO QUE NÃO VOLTA MAIS. E VOCE CORRE O RISCO ATÉ DE SE VER NAS ENTRELINHAS. É IMPERDIVEL, NÃO DEIXE DE LER, COMO DIRIA O REI, SÃO MUITAS EMOÇÕES. RESPIRE FUNDO E UMA BOA VIAGEM AO TUNEL DO TEMPO:
Tudo começou naquelas tardes frias de junho de 1983... Mais precisamente na Rua Joaquim Costa, bairro Agronômica (antiga Pedra Grande). Dali todos se reuniam e saíam juntos de "á pé"  com nossas faixas e bandeiras em direção ao saudoso Estádio Adolfo Konder, o Alçapão da Rua Bocaiúva, "palco das maiores decisões do futebol catarinense". Jamais iremos chamá-lo de pasto do bonde, pois nunca vimos nenhum pastando ali, e achamos muito pejorativo para o nosso queridoCampo da LIga. Quem inventou isso com certeza deve ser do outro lado da ponte...
De início queria deixar aqui minha homenagem e agradecimento aos primeiros integrantes daRAÇA, meus vizinhos de rua: Zé Maluco (José Eduardo Tancredo), Robertinho (Beto Melo), Juninho (Alma Azul) e Africano. A pé passávamos por todo o Bairro, na época ainda banhado pelo Mar (não havia Beira-Mar na Agronômica). Tinha o Abrigo de Menores e seus diversos campos de futebol, se não me engano 12.  Ao lado do Abrigo, a Rua da Praia , sim havia praia na Agronômica! E muitos ainda se aventuravam a tomar banho ali, com aquelas famosas bóias de caminhão enormes e pretas.  Não havia sequer o KOXIXOS, pois ali era o mar... A Agronômica ainda respirarava a maresia de perto. Ah! Ainda tinha no Bairro a "Vila da Marinha" com as casas todas pintadas de branco e azul. Elas continuam lá, mas o Hospital Naval sumiu, junto com o famoso Açougue da época, situado na esquina da Rua Almirante Carneiro. Também havia o Iate Clube com vários barcos onde depois ficou por uns tempo a Pizzaria do Avião. O Country Club e sua piscina linda era só para a elite da época, ao lado, tinha a casa das viúvas ou solteironas, um terreno espetacular que ficava junto a antiga Praia "do Vai quem Quer", ou Praia da São Luiz. Aliás, a Igreja São Luiz era  outra, meio  alaranjada em estilo açoriana, não a que está lá. Tinha embaixo uma capelinha muito legal e frequentemente visitada pelos moradores. Ao lado direito da capelinha a melhor casa da Praia do Vai quem Quer, de dois andares na beirinha e com garagem para lancha e tudo. A Rua Rui Barbosa era a única via para o Centro da cidade para quem vinha do Leste e do norte da ilha,  da Lagoa, da Trindade, do Córrego Grande, Itacorubi, do Saco Grande.
Estavam em construção o Aterro da Baia sul, o CIC, o Hospital Infantil e a Avenida Beira Mar até a UFSC...
Só o fato de nós irmos a pé, sem as penosas filas de hoje e  passando e passiando pelo bairro todo já era algo  demais...

Chegando perto do Estádio nos encontrávamos com um dos fundadores da torcida e que era o Diretor Financeiro, Rodrigo Luiz Santiago. Famoso e popular Peca. Acompanhávamos o AVAI da casa dele, no Edificio Andrea (um dos poucos que havia na Beira Mar  e dava para ver o Adolfo Konder). Da cozinha do apê dele vimos muitos jogos e treinos. Depois PECA morou ainda mais perto, se mudou para o Edificio Vitória Régia (ao lado do atual Kayskidum) e dali era possível ver todos os jogos de camarote presidencial, da sacada do quarto do seu pai. Por isso nós daRAÇA AZUL sempre dizíamos que éramos a torcida mais próxima do AVAI, que vivia o dia a dia do clube, sem dúvida... 

Faço aqui uma menção honrosa para a Família Santiago, os irmão do Peca:  Marcelão (o mais velho) e o Glauco , todos avaianos convictos e da RAÇA. Também ao Seu Luiz , claro, que com sua capanga de couro sempre ajudou, nos levando para os primeiros jogos da era Ressacada com seu carro. Também não podemos esquecer que Seu Luiz Carlos foi quem nos levou para o primeiro "Crássico"  no novo Estádio,. Fomos os primeiros a chegar na Ressacada e botamos a turma do figuerinha com a "charanga do paulinho" e tudo, no cantinho...
Nesta época eles não tinham nenhuma organizada. Os cagões incomodavam mesmo era com essa tal charanga que ditava o ritmo do time do estreito. Não havia Gayviões, nem maconheiragueira, nem barriga, nem resistência nehuma. No nosso lado sim havia a ATA do Alfaiate Adebau e a poderosaForça Jovem do Ricardo "Naim".
Também uniam-se a nós da RAÇA AZUL o pessoal do centro e de outros bairros, nossos amigos deColégio Menino Jesus , aliás que se chamava Curso Elementar Menino Jesus, hoje parece que mudou de nome, virou Centro Educacional Menino Jesus, e também o pessoal do Colégio Catarinense e mais tarde do Colégio de Aplicação. Era o caso do Rodrigo Tasso, do Fábio Comeli,do Rico Caldas, e do Paulo Picardia.  A alma celeste uruguaia dos "Pomar":  Diego e Tadinhoda sorveteria La cigale.
Falando em sorveteria me lembrei da sorveteria do Seu Didi, a COCOTA. Sem dúvida nosso ponto de encontro por anos, principalmente depois do coléginho.
Do Aplicação se juntava-se a nós o Juhir Paulo Braglia , o Luciano Schilindwen (não sei se assim que se escreve) também conhecido por Xibuga, filho do avaiano notável Seu Osmar.
Lembramos então do pessoal da Cachoeira do Bom Jesus. Os Salles e sua trupe. Clóvis ,  Rodrigoe compania, os sobrinhos e agregados. Na cachoeirinha era onde a maior parte da turma daRAÇA costumava veranear. Muito diferente de hoje. Era só a nativada, um mar limpo, mais selvagem e brabo... Dava onda até no Rio do Brás, em Ponta das CanasPraia do Forte e no Costão de Canasvieiras. Incrível, mas é real...
Também do centro vinham  a turma mais experiente, Rodrigo Silveira o Digão, o Telmo (neto do cara que deu o nome de AVAI ao nosso time) André Boabaid e André Lenzi. Haviam muitos outros que por minha memória lesada não me recordo agora. Aos esquecidos minhas desculpas mas também vos agradeço de coração.


E aproveitando então já faço outra menção importante desses 26 anos, são aquelas figuras lendárias da RAÇA, que já se foram, mas que deixaram seus nomes cravados em nossa memória. E caso do Lucianinho BOmbazar (primo do Peca), do Negão André (que morava atrás do Adolfo Konder, roubava as bolas, e dizia que era café com leite - torcia para os dois), do inesquecível Feijão que sempre entrava com uma latinha de cerveja reservada pra nós e do João Cabana, do Morro do 25. No céu com certeza estão esticando uma faixa da RAÇA...
Mas, voltemos ao Adolfo Konder:
Ja lá dentro do Adolfão depois de entrar com algum coroa disfarsado de filho, chegavámos as arquibancadas do velho Estádio. Ali nos juntavamos ao pessoal da FORÇA JOVEM (hj nem tão) com nossos amigos Ricardo Naim, Serjão, Cado, Netão e os irmãos Nando e Zé., Todos que hoje se uniram a nossa torcida. São o coração pulsante. Eles tinham bandeirões enormes e um desses bandeirões ainda permanece conosco. Aliás até hoje Serjão não parou de confeccionar bandeiras e mais bandeiras, além de ser o Diretor de Patrimônio e o homem da Caixa clara da nossa furiosa Bateria..
Não posso esquecer da Dona Maria Avaiana e do Vascaíno. Vasco, sempre ensinando marchinhas novas e fazendo aquela rifa para a nova charanga... E do Gui Lacerda, que morava ali do lado do campo e ainda novo andava descalços pelo gramado, o quintal da sua casa...
Também me lembro que na época não havia iluminação, todos os jogos eram a tarde, as ruas Mauro Ramos, Bocaiúva e Altamiro Guimarâes ficavam abarrotadas de carros por todos os lados... A cidade literalmente parava...Alguns espertinhos pulavam o muro ou assistiam o jogo por cima dele por trás das placas de publicidade...
Os ônibus eram da Viação Tanner que iam para a Agronômica e para a Trindade era da Viação Trindadense. Aliás, a Trindade era conhecida como o Vila. Era longe para chuchu...
O Governador era Esperidião Amin,  o vice Victor Fontana,  do PDS, haviam vencido as eleições de 1982 contra Jaison Barretto e Pedro Ivo do PMDB.
Os lanches eram feitos no  Brekburguer do Alçapão e a Macorranada Italiana já existia, porém numa casa  atrás da atual, na esquina da Rua Altamiro Guimarâes, vizinha da sede da FCF, que era noAdolfo Konder em cima da original Toca do Leão...
Nosso time tinha no gol  o Gilson, mas vimos também o Zé CarlosDanilo e o Barão...( Aliás barãoera a nota de 1000 cruzeiros da época, uma nota que sai fácil, costuma-se dizer : lá vai barão..)...nas laterais vimos o Tião, Toni Gato, o neguinho Almir, Rosa Lopes, Fantick ( o antingo que deu origem ao atual) . Na zaga Odélio, Gilberto, Pedro Paulo o Rogério ( o surfistão e que era galego) e nosso grande ídolo da época o excelente zagueirão do Morro do Céu,  Silva...  
No meio a classe de Marinho e do habilidoso Bira Lopes. Bira conhecia os caminhos da bola noAdolfão.  Ely que veio do Curintians também jogava muito. Osmarzinho, Careca e até o Caco.. nas pontas Amarildo da costeira, Baianinho na direita e na esquerda lembramos do Passos e do grande e veloz Carlinhos. No ataque vários lembrados como Osmari, Vargas - o chevetaço -, Gonçalo, Bizu e lembrei agora do Caldeirão...
Os jogos eram narrados pelo Adilson Sanches, se não me engano o camisa amarela, e eram reporteres os sempre chingados, João Ari Dutra e Evaldo Luiz, óbviamente, por serem torcedores do time do estreito e da praia do cagão.
Jornal O ESTADO era o melhor, o único, o mais lido, assinado e comentado. Não havia a rede gaucha ainda na área. Todos assistiam a TV Cultura, canal 6, e seu grande  programa "Bola em Jogo" do Roberto Alves, patrocinado pela PHILIPI SA ,"o João de barro - a casa do construtor", uma coisa assim...
Estudávamos no Menino Jesus que fazia torneio na FAC de futsal com os rivais Coração de Jesus, Imaculada Conceição e o Alferes Tiradentes..
Havia o Cine Ritz, o São José, Cecontur e no continente o Jalisco...
Chegamos a passar de carro, de bike ou a pé pela Ponte Hercilio Luz, a ponte velha, às vezes vindo do CURRAL, na época ainda com metálicas. Sempre comemorando vitórias do nosso Leão da ILHA. Estávamos mais de 15 jogos na frente deles e dificilmente perdíamos, alíás, nosso maior rival era o JEC, não os cocôntinentaias alvi-negros. Uma vez aplicamos um 4X0 só no primeiro tempo, num jogo pela manhã, se não me engano. Humilhante! No segundo tempo os cagões trocaram de camisa, pois tavam começando com a palhaçda da virar tricocÔlores, mas não evitaram a goleada.
Enfrentávamos o Carlos Renaux e o Paysandu de Brusque, o Juventus de Rio do Sul,  O Palmeiras de Blumanau, o Inter de Lages. O Criciuma era azul, e tinha ainda Hercílio Luz e o Ferroviário de Tubarão. Do Oeste os fortes eram o Guayacurus de Concórdia, o ADJ de JOaçaba e os Guaranys de Xaxim ou Sâo Miguel, não me lembro direito...
A sorveteria Satélite era uma delícia, na Beira Mar tinha boates como a Dizzy, Shampoo e a Baturité, além de outras que esqueci...Tinha o Vagão e o ARATAKA também...

Como esquecer do grande Vitinho e a paixão de sua família pelo Leão da Ilha. Dos jogos que junto com o Serjão levavam a buzina com compressor no seu fusca sem o banco da frente... Do barulho que fazia e fio da extensão saindo das arquibancadas e subindo na casinha da ACESC, de onde se transmitiam os jogos e dava de ouvir os narradores berrando os gols do nosso time...
Vitinho, estamos sentindo tua falta na CURVA, mas sabemos que mesmo não estando em alguns jogos, está sempre torcendo, e muito, para nosso time. Sem dúvida um eterno RAÇA AZUL FORÇA NÃO TÃO JOVEM nato.
E do grande James que agora tem seu filho como presidente da RAÇA MIRIM...Paixão que passa de geração para geração de pai para filho.. Raça que tá no sangue.
Ainda sobre o saudoso alçapão da Rua Bocaiúva, Estádio Adolfo Konder, histórico, famoso e glamuroso, palco dos fatos mais marcantes do futebol catarinense, outras lembranças....
Inesquecível cachorro-quente do baiano, o melhor e insubistutível..Avaiano, nativaço e seu filho nosso colega do Colégio de Aplicação...
E a barbearia do Vargas, todos avaianos com várias histórias para contar, vizinha eterna no Adolfão, e responsável por cortar os cabelos de nossos jogadores. E olha que na época a cabeleira do pessoal era vasta! Só na tesoura, sem esse papo de máquininha... Junior Vargas, o conhecido Bomba  mantem a tradição e é membro da Raça avaiana da Joaquina..
Sobre os ônibus da Tanner, a linha Circular A e B, lembro-me que o da linha Agronômica era com o número 111, uns ônibus antigos quando ainda se entrava pela porta de trás. O ponto final era ao lado da  Palácio da Agronômica. E tinha aqueles famosos ônibus da Limoense com teto de camurça.
Seu Agapito também é inesquecivel com seu Katicips da pracinha, o seu quadro pendurado na paredede com o nome dos caloteiros era hilariante... Lembrei-me também da pracinha dos namorados com um laguinho cheio de vitória régia...
E o Adolfão, meu Deus, quantas recordações... Quantos jogos na chuva, quantos carrinhos do Silvão, as corridas do maluco que marcava o bandeirinha, o morrinho das laterais, os furos no alambrado e as quedas dos pirados que tentavam pular o muro, ou então aqueles que chegavam por trás, pelo mato, cheios de picão... Lembranças que nunca irão se apagar em nossa memória...
Mas a mais marcante sem dúvida é a final de  Copa Governador do Estado, dois jogos, um no Domingo e o decisivo na quarta-feira à tarde. Quantos não mataram o serviço e deixaram seus paletós na cadeira... Quantas bandeiras novas, quanta gente, lotação total do alçapão...
O Gol de Gilberto, a invasão no fim do jogo e a passeata pelas ruas da cidade a pé arrastando a população... Inesquecível.

RAÇA AZUL
Desde de 1983
Força Não Tão Jovem 
Ainda temos muitas lembranças que vão e voltam e nos confudem. Porém não temos dúvidas de que foram todas demais!
Um tempo que não volta mais...
Que saudade, meu Deus, sem dúvida a época de ouro da nossa ILHA da MAGIA, sem violência, e principalmente sem haoles...Todos se conheciam, interagiam e se gostavam mais, com certeza...
Por isso, quando hoje estamos vendo nossa 10 organização com sede na Casa do Toninho ou doSerjão, lá no Carianos não podíamos imaginar que fosse durar tanto essa loucura SULouca !!!
RAÇA AZUL se orgulha de fazer parte dessa história... IMORTAL !!!
Emoções, sentimentos, alegrias e frustações. Muitas conquistas e façanhas, mas acima de tudo muita amizade - que nos uniu a essse time tão especial, que faz coisa e que é capaz de produzir uma torcida tão especial e diferente:
A nossa RAÇA AZUL.

Sim nossa!!!
Pois já faz parte da vida do clube. Não tem dono. Tem sim muitos simpatizantes, admiradores e amantes do seu autêntico VARAL da CURVA !!!

3 comentários:

José Antônio disse...

Muito legal. Tenho 57 anos e lembro-me de quase tudo isso. Realmente muitas saudades da época que Floripa era nossa, dos Florianopolitanos.
José Antônio.

Anônimo disse...

E no cardápio do Adolfo Konder, além do insubstituível cachorro do baiano, tinha a rosquinha paulista, amendoim torradinho vendido na lata de tinta, picolé de uva ( corante por fora e gelo dentro ), e no inverno pinhão quentinhoooo e "vergamota". Época boa que tive o privilégio de viver.
Cado.

Paulo disse...

Já li este testo, e repassei para amigos citados pelo Moa umas 5 x ...